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quarta-feira, 11 de março de 2009

MARK BEAUMONT - Do N.M.E. para o Mundo, das influências de Morrissey até um certo episódio sobre snifar as cinzas do Pai....!




Esperei desde Dezembro ultimo pelas respostas do Mark, visto ele ter estado a terminar um livro seu. A espera valeu a pena e agora posso transmitir-vos o resultado.

Eu e o Mark somos da mesma geração (eu 1971, ele 1972 – corrige-me se estiver errado, Mark!) e partilhámos a mesma paixão pela música e particularmente por uma figura como podem verificar mais à frente, Morrissey. Os “The Smiths” foram a minha sombra nos tempos da juventude e a figura de Morrissey importante no meu comportamento musical.

Mas, é do Mark que vamos falar. Conheçido pela sua frontalidade e pelas suas entrevistas e  análises por vezes controversas, ele conta-nos um pouco mais sobre ele, sobre o N.M.E.,  histórias peculiares.

Espero que gostem:

 

King_leer (KL):

Tu estás numa das mais importantes revistas de todos os tempos. Diz-me e, para claro entendimento de quem lê este blog, o que é no terreno um “Staff Writer”. Como é o teu dia a dia?  Como editas a tua coluna semanal?

Mark Beaumont (MB):

Sendo um “staff writer”, o meu papel era mais ou menos  um cão de sapa, no que toca a palavras e análise de textos  – tudo o que era necessário revisto em pouco tempo ou algum conteúdo que necessitava de ser reescrito no estilo próprio da “casa”, eles vinham para mim. Eu tinha igualmente bastantes vezes a primeira opção sobre escrever os artigos mais importantes  mas, igualmente, muito do meu dia era passado a editar a página dos novos temas, que  o fiz durante cerca de sete anos. Essa tarefa envolvia compilar 20 listas de singles que iriam saír em cada semana, ajudar a escolher o tema da semana (track of the week) e editar algumas revisões semanais sobre novas edições. Recentemente tornei-me um freelancer, por isso, estou fora do escritório e escrevo entrevistas e artigos de opinião para o N.M.E.  bem como para o Times, Mail on Sunday, Uncut, The Guardian e outras publicações. Em relação à minha coluna do N.M.E., geralmente discuto os tópicos com o editor à Sexta-Feira, escrevendo-a na Segunda-Feira seguinte.

(KL):

Esta questão gosto sempre de a colocar a quem está desse lado. Qual a banda ou artista que mais te influenciou no que toca a letras. Qual a canção que igualmente mais te influenciou ?

(MB):

Sempre fui um grande fã das letras do Elvis Costello, principalmente por causa das suas “mudanças de direcção” – o seu álbum “Blood And Chocolate” é fértil em criatividade em termos de letras. E depois, há igualmente os The Magnetic Fields - Stephin Merrit com a sua tristeza e romance é um raio de luz neste tempo de  “The Courteeners”. Mas, se me sinto em baixo, volto-me sempre para os “Wedding Present” e canto bem alto (como quem canta os blues) ao som de  “Heather”, “Blue Eyes” or “Bewitched”.

(KL):

2008 trouxe-nos boas músicas, óptimas novidades mas ao mesmo tempo alguns discos de quem eu esperava um pouco mais. Existem bandas que em 2004/05 tiveram um excelente primeiro álbum, um bom segundo e um não tão bom terçeiro, como na minha opinião sucedeu com os Razorlight, Dirty Pretty Things, Killers e Bloc Party. Por outro lado tivemos óptimas surpresas com os Elbow, Last Shadow Puppets, Glasvegas e aguardamos pelo novo dos Franz (duvido que falhem). O que está a aconteçer ou aconteçeu? Pressa a mais na edição de um novo registo?

(MB):

Sabes, não penso que essas bandas tenham acelerado propositadamente para a edição de um novo disco. Penso que os ouvintes estão mais ansiosos para reclamar que os discos não foram tão bons como os primeiros. O último dos Bloc Party acho-o brilhante assim como o dos Franz e dos Killers estão a subir na minha escala diáriamente. É muito fácil “ignorar” ou catalogar um segundo ou terçeiro álbum de uma banda pois eles têm quase cinco anos para escrever o seu primeiro, e seis meses para escrever o segundo. Mas, muitos dos segundos e terçeiros álbuns, se lhes derem o tempo suficiente para análise, são muito melhores do que a crítica geralmente diz.

(KL)/ (MB):

Eu digo-te uma banda ou intérprete e tu escreves o que entenderes, ok?

 - Glasvegas:

Bela banda, está para durar.

- Pete Doherty:

Alguém com quem não perderia o meu tempo para tentar entrevistá-lo de novo.

 - Elbow:

Eles expulsaram-me de uma da suas festas após um concerto por eu ter escrito algo que não gostaram de ler mas, sinto-me feliz por eles terem finalmente alcançado o respeito e reconhecimento que à muito tempo mereciam.

 - Last Shadow puppets:

Um dos melhores projectos paralelos da última década, assim como os The Postal Service.

 - Cribs com e sem Johnny Marr:

 Grande som. O Johnny é um  “gentleman”.

 - The Kooks:

Os responsáveis pelas mais incríveis bebedeiras que já apanhei. O tempo que passamos juntos em Tijuana foi incrível e ninguém foi preso!

 - Richard Hawley:

 Não tenho passado muito tempo com o Richard ou com os seus discos desde os Longpips em meados dos anos 90, tenho que o admitir.

 - Oasis:

Ainda estão aí?

 - Richard Ashcroft:

Um homem excêntrico para idolatrar.

 - Morrissey:

Sou um grande fã de Moz e posso perdoar-lhe (quase) tudo. Há algo na sua personalidade extremamente defensiva que me faz querer conhecê-lo melhor, possívelmente porque sei que nunca o vou conseguir. A minha entrevista com ele é, penso, a melhor que alguma vez publiquei.

(KL):

Sobre o Mundo: Qual é para ti a grande causa para este colapso financeiro Mundial?

(MB):

Bush, Brown, a Guerra, a espiral em que entrou o preço do petróleo, o boom do preço das casas e a imprensa! Especialmente no Reino Unido, a imprensa é o grande catalizador desta crise. A imprensa causa o pânico acerca da queda dos preços das propriedades. Assim, qualquer um se sente mais pobre e, por isso, gasta menos. Os media causam o pânico por as pessoas gastarem menos e, assim, as pessoas ainda gastam menos. Antes que dês conta disso, entretanto os mercados caem a direito, a confiança na economia simplesmente não existe, o desemprego sobe em flecha e olha onde estamos nós agora. Dar milhões aos bancos não é solução. As empresas não deveria sequer fazer cortes na mão de obra, deveria aceitar estes tempos de menores lucros e seguir em frente!

(KL):

Qual foi para ti a melhoe entrevista que fizeste e a pior? Algum episódio peculiar que nunca tenhas mencionado e queiras partilhar connosco?

(MB):

 

A melhor foi uma com o Morrissey em Roma pois penso que me inspirou para uma das melhores fazes de escrita na minha carreira. O episódio de “snifar as cinzas do Pai” na entrevista com o Keith Richard foi o episódio mais interessante visto ter feito primeiras páginas a nível Mundial com aquela declaração. Entrevistar o Elvis Costello e o Burt Bacharach em Nova Iorque foi outro momento especial.     

FIM


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