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domingo, 21 de novembro de 2010

Kasabian - West Ryder Pauper Lunatic Asylum - A arte do Design - PARTE III


Dando continuidade a este trabalho sobre o último álbum dos Kasabian, chegamos a uma parte que habitualmente nos fascina. Quem nunca pegou num LP, CD, K7 etc e se deliciou a ver o trabalho gráfico que certas obras nos oferecem para além do seu conteúdo musical? Assim, fui ouvir as histórias do Tom Skipp, o designer gráfico desta produção. Espero que tal como eu, compreendam melhor o conceito deste “West Ryder Pauper Lunatic Asylum”.

KING_LEER (KL):

Para o total entendimento dos leitores deste blogue, explica-nos por favor qual o papel de um designer gráfico num trabalho musical como este?

TOM SKIPP (TS):

O papel de um designer gráfico pode ser muito variável em projectos musicais. Com os Kasabian e, nomeadamente neste projecto estive muito envolvido.Quando me juntei ao projecto, existia uma ideia muito vaga derivada ao nome do álbum “"West Ryder Pauper Lunatic Asylum". Assim, iniciei a discussão criativa com o “WIZ” (Andrew Whiston) em como poderíamos fazer este álbum parecer-se com uma colecção de “coisas” que poderia ter sido encontradas num Asilo. Wiz já tinha coleccionado várias imagens, objectos e referências que me levaram a explorar alguns conceitos surrealistas e ilusões de óptica.

Ao mesmo tempo, procurei de formas diferentes compilar esta aparente “disparatada” colecção de imagens. Foi então que começamos com as sessões fotográficas e filmagens, para as quais WIZ conseguiu a ajuda de diversos desenhadores de roupa e estilistas.Aproveitei e documentei esse dia e tirei as minhas próprias fotos com uma velinha camera Polaroid Land. Algumas dessas fotos podem ser vistas no álbum.

Quanto terminamos a recolha das fotos, passou a ser a minha principal tarefa, tornar tudo real e apresentar num formato impresso à editora. Com este trabalho dos Kasabian existiram diversos formatos finais e artigos promocionais para serem entregues o que fez com que trabalhasse 24 horas, 7 dias por semana durante esse período.

KL:

Quem te convidou para este projecto dos Kasabian?

TS:

Fui contactado pelo responsável do departamento de criação da SONY Reino Unido. Fui convidado para uma reunião sem saber qual o projecto em causa e então perguntaram-me se seria um projecto interessante para mim e se o poderia conduzir com sucesso. Penso que fui escolhido devido à natureza pouco convencional do mesmo e pelo facto de eu já ter trabalhado com pessoas notáveis neste ramo e, que, igualmente ficaram ou são conhecidas pelo seu trabalho e métodos pouco convencionais.

KL:

Como foi o processo criativo? Recebeste alguma instrução inicial específica da banda ou do manager sobre o caminho que deverias trilhar? Conta-nos um pouco mais sobre esta excelente peça de arte?

TS:

Quando me juntei ao processo, WIZ e o Serge (Sergio Pizzorno) já tinha delineado os conceitos. Não existia um controlo do aspecto visual a seguir por parte da editora mas, eu mantive-os sempre bem informados durante todo este processo, fazendo com que ficassem satisfeitos com a evolução do mesmo. A direcção criativa foi transmitida pelo WIZ que já tinha escutado a banda e percebido o que eles pretendiam. Assim sendo, como podes perceber tornei-me o elo de comunicação entre a editora e o WIZ mas, ao mesmo tempo tive igualmente que traduzir as nossas ideias em algo tangível. Não foi fácil, visto que o WIZ é um realizador vídeo muito empenhado por isso sempre ocupado durante este período e nenhum de nós tinha um escritório permanente. Digamos então que o processo ia fluindo com o tempo.

KL:

De todos os membros da banda qual o que seguiu o processo criativo mais atentamente?

TS:

Serge foi o que mais se interessou pelo nosso trabalho. Não penso que os outros não se preocupavam mas sim que delegavam e confiavam no Serge essa função. Foi bastante interessante visto que parecia existir uma visão única entre nós. Penso que o Serge respeitou igualmente as pessoas escolhidas para conduzir este trabalho. Ele confia no WIZ e essa confiança foi igualmente passada para mim. O Serge este sempre muito aberto às nossas ideias e nós às dele. Comparativamente com outros projectos este foi sem dúvida uma genuína colaboração entre as partes.

KL:

Irei igualmente colocar neste post o link para o teu website, no entanto e, para pergunta final, fala um pouco mais sobre a tua história, projectos futuros e como é que foi trabalhar com essa lenda, o Peter Saville?

TS:

Trabalhei como designer gráfico durante 9 anos. Comecei mesmo na universidade onde fiz um pequeno trabalho na Form (http://www.form.uk.com/). Depois, passei um Verão na v23 com o Vaughan Oliver and Chris Bigg. Quando obtive a licenciatura, arranjei um lugar na v23 e igualmente com o Peter Savile. Trabalhava 2/3 dias da semana em cada. Nenhum deles era o que se poderia chamar um estúdio “normal”. Dessa altura até aos dias de hoje trabalhei em diversos locais como a Big Active, Blue Source, Love, Gap e muitos mais. Trabalhar com Vaughan Oliver e Peter Saville deu-me um excelente empurrão inicial. Depois de trabalhar em Londres desde a minha licenciatura, vim para Paris no Verão de 2009 e comecei a estabelecer contactos profissionais por aqui apesar de ainda trabalhar para clientes de Londres. Paris é um novo desafio, primeiro pela linguagem e depois pelo iniciar de novas relações profissionais com novos clientes. Em relação ao futuro, quem sabe o que ele reserva?


Links relevantes : http://www.tomskipp.com/


FIM

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