Gary Powell, mais conhecido por ter sido membro dos Libertines, é sem dúvida um caso à parte neste nosso Universo musical. Tive a oportunidade de o conhecer em 2005 num dos últimos concertos dos Libertines em Lisboa. O contacto foi rápido mas desde lá, temos comunicado. É para mim uma grande mais valia ter a oportunidade de publicar esta entrevista que nos dá a conheçer um pouco mais do Gary, do seu passado, dos seus novos projectos e, acima de tudo continuar a “acreditar” que a forma mais fácil de nos entendermos uns aos outros é comunicando de igual para igual.
O Gary foi Pai à muito pouco tempo e, desde já lhe agradeço a sua disponibilidade e desejo “good vibes” para ele e para o filho “Wolf”.
Links relevantes do Gary disponíveis abaixo:
Esperto que esteja ao vosso gosto:
http://en.wikipedia.org/wiki/Gary_Powell
http://www.myspace.com/garyapowell
http://www.dirtyprettythingsband.com/
KING_LEER (KL):
Eu vi a entrevista que deste ao “one eyed monster” e nela algo chamou a minha atenção. É-te difícil entender o burburinho que se gera à volta das estrelas de Rock, - “É cool mas não entendo” afirmas tu. Quando te conheci em 2005 fiquei com uma ideia que o tempo soube confirmar e num recente jantar aqui no Porto com o produtor Jake Fior ouvi novamente esse “chavão”: O Gary é o “cool guy”, aquele que mantem o low-profile. É assim tão difícil para ti lidar e compreender certas partes do que é estar inserido numa banda e, ainda por cima super badalada?
GARY POWELL (GP):
Não é assim tão difícil manter o field a balança entre ser um artista e ser igualmente um homem como outro qualquer na rua – aliás é bom conseguir fazer essa diferenciação. Ajuda a que, de cada vez que subo ao palco, esse acto seja um momento especial em vez de estar sempre visive apenas de uma forma. Qualquer pessoa que faça algo de creativo na sua vida e que tenha uma carreira que dependa desse factor tem sempre um ego. O truque é saber controlar o mesmo. Usa o teu ego para o bem e não para o mal, como eu prefiro dizer. Ao mesmo tempo ter o conhecimento de que por tocar numa banda não me faz ser melhor do que os outros é importante – e, para ser honesto, conheci pessoas que não fazem nada em termos artísticos que me impressionaram muito mais do que qualquer estrela de rock.
(KL):
Começaste como músico muito cedo e ainda no Canadá se não estou em erro. Fala-nos um pouco do teu passado e das tuas influências artísticas. Quais são verdadeiramente as raízes musicais do Gary Powell?
(GP):
Começei a tocar em casa dos meus Pais quando viviamos em Birmingham. Tive a sorte de ter uns Pais que me incentivavam a ser criativo – desde que as notas na escola se mantivessem niveladas! A minha verdadeira aprendizagem no entanto, começou no Canadá numa organização em Kitchener Ontario sobre a instrução de Brent Montgomery and Rod Meckley. Eles fomentaram a minha leitura e ensinaram-me o básico na interpretação. Depois, rumei a New Jersey e fui ensinado por Tom Aungst nos cadetes de Bergen County. Ele e Willy Higgins colocaram em forma as minhas mãos e mente e, se não fosse por eles eu não teria as capacidades que tenho hoje em dia.
O que tornou tudo ainda mais interessante e proveitoso foi que o que me ensinaram na altura nada tem a ver com a forma como lido com a bateria hoje em dia. Ensinaram-me uma visão mais global da música visto tocarmos jazz contemporâneo ou tendências mais clássicas. O que falei atràs, ajudou-me a desenvolver o apetite por uma música mais obscura e diferentes formas de tocar. A partir daí, tornei-me um percussionista freelancer de volta à Inglaterra e por cerca de um ano, findo o qual regresso aos EUA para ensinar el alguns locais, nomeadamente na St. Mary’s area high school na Pensilvânia. Foi preciso esperar até ao fim dos anos noventa para eu tocar algo que se possa denominar popular. Mas, por essa altura os meus variados gostos musicais já se misturavam na minha biblioteca musical, desde John Adams aos Wire.
(KL):
Como os Dirty Pretty Things são passado, quais são actualmente os teus principais projectos?
(GP):
Desde o fim dos DPT formei a minha própria banda e estou a escrever eu todas as músicas (até agora). É uma banda de rock & roll (acho) mas com um “colorido” diferente. Tenho igualmente escrito bandas sonoras para o estilista Todd Lynn.
(KL):
Vou mostrar no video player do blog a tua actuação no Drum-Tech Master class (demonstração). Tenho a esperança que alguns futuris bateristas leiam esta peça. Por favor explica-lhes (e a nós também) em que consiste esta tua perfomance nestes encontros.
(GP):
As master classes que façosão simples na sua estrutura. Falo principalmente na forma como desenvolvo as minhas actuações, como treino, como ensaio e falo igualmente sobre a indústria musical. A importância de encontrares a tua própria “voz musical/criativa” é algo que procuro incutir até aos limites do que é humanamente possível. Além disso, a interpretação da forma como te aproximas do teu instrumento de eleição, terá uma importante palavra a dizer naquilo que será o teu som global, por isso, costumo frequentemente falar sobre o que eu chamo “Os segredos da interpretação básica “ por forma a ser mais agradável para a audiência pois isso é o que a música deveria ser , agradável.
(KL):
É um dia festivo no local onde vivo. Ao mesmo tempo que escrevo estas linhas há fogo de artifício lá fora. Tu prestas especial atenção a uma grande quantidade de sons durante o dia (também li essa tua entrevista). São eles assim tão importantes para a tua inspiração criativa e para o teu desempenho na bateria?
(GP):
Homem, eu ouço tanta porcaria que até é ridículo! Agora mesmo, que te estou a responder estou a ouvir Beach Boys, mas antes estava a ouvir Vertigo de Bernard Herman e outras coisas mais incluíndo Billy Joel! Tento não ser Snob no que toca à música que ouço – apesar de saber que é difícil não o ser. Boa música é sempre boa música, venha ela de onde vier e todos podemos ganhar muito em ouvir o máximo possível. Acredito firmemente todos os desafios e lutas da vida podem ter resposta com uma canção.
(KL):
Como foi a experiência com os New York Dolls? Como surgiu o convite?
(GP):
Tive a sorte suficiente para receber um telefonema do Russel Warby que era o booker deles na agência naquela altura (Agora no William Morris Group) perguntando-me se queria fazer o concerto. Eu, na altura estava de regresso a casa após mais uma sessão de gravação (Segundo album dos Libertines) e, quando recebi a chamada não pensei em mais nada até receber pelo correio música acompanhada de uma carta com o logotipo dos New York Dolls. Foi uma daquelas experiências, uma que irá comigo para a sepultura. Apenas tive um ensaio com a banda que durou cerca de 4 horas e, tudo o que fizemos foi tocar temas dos Shangri-Las. O resto do show foi preparado durante o sound check no dia do primeiro concerto. Até muito recentemente não fui colocado sobre tamanha pressão para acompanhar/preparar-me para um show (fiz 3 concertos com os Razorlight na Alemanha e na Bélgica e igualmente tive apenas um dia para preparar o concerto).
(KL):
Sendo Americano, quais são os teus pensamentos sobre a actual política dos EUA em relação à Europa e ao resto do Mundo? Obama tem dito às outras Nações que estas têm que dar um passo em frente igualmente….estás satisfeito até agora com estas recentes alterações políticas?
(GP):
Eu considero-me basicamente Inglês, tenho passaporte Inglês e frequentei a escola aqui até aos meus 15 anos. No entanto, tenho ainda muita família nos EUA de New Jersey até ao Arizona e estou em contacto permanente com eles e com a polítca Americana e, sou igualmente membro do partido Democrático em New Jersey. No que toca à minha ascendência Americana e ao posto que esta ocupa – a segunda Nação mais odiada pelos forças do mal (a primeira é o Reino Unido), o povo Americano na sua generalidade sabe o erros cometidos e estão confiantes com Obama. Claro que apenas o tempo nos dirá mas ele parace ser um homem de grande integridade e que ao mesmo tempo consegue ver mais longe que os outros – Esse é um dos argumentos para afirmar que a América é um dos parceiros e que todos têm o dever de contribuir para todos nós vivermos num Mundo melhor.