“The curious beauty of African music is that it uplifts even as it tells a sad tale. You may be poor, you may have only a ramshackle house, you may have lost your job, but that song gives you hope. African music is often about the aspirations of the A” - Nelson Mandela.
Nas linhas seguintes, iremos conheçer este projecto que nos fala sobre Africa, um continente ao qual estamos históricamente ligados. É um projecto diferente, com princípios válidos e acima de tudo com um detalhe muito importante, a comunhão entre culturas diferentes de uma forma singular e expontânea.
Eventos como este fazem todo o sentido aqui em Portugal. Fica aqui o repto e espero sinceramente que daqui a um ano possa rever os comentários sobre o recente Africa Express realizado em Portugal.
Um obrigado especial ao Andy Morgan, da organização pelas palavras que se seguem. Espero que gostem do conteúdo e que vos seja útil.
KL
A Entrevista:
Caro Andy,
Esta entrevista terá como principal objectivo apresentar-te a ti e ao teu papel na organização do Africa Express aos leitores deste blog. Ao mesmo tempo será importante perceber o real significado desta iniciativa denominada Africa Express.
# 1 Sobre o teu papel na igualmente denominada “indústria musical”:
King_leer (KL) :
Andy, diz-nos um pouco mais acerca da tua pessoa, das tuas raízes e percurso. És actualmente o manager de Tinariwen (http://www.tinariwen.com/).Que mais te mantém ocupado actualmente?
Andy Morgan (AM):
Trabalho nesta area à 25 anos, fazendo tudo desde cantar em bandas até acompanhar/gerir estratégias de marketing e2 desenvolvimento Internacional em companhias como a WOMAD (Reino Unido), FNAC (França), PIRANHA (Alemanha) e a WORLD CIRCUIT RECORDS (Reino Unido). Ao mesmo tempo, criei a minha própria editora, a “Apartment 22 Records” onde edito música electrónica, dentro do género World music. Fui igualmente jornalista musical (freelance) nas últimas duas décadas, escrevendo para a Songlines,fRoots, The Independent e o NME entre outras publicações. Desde 2001 que sou o manager do Tinariwen.
# 2 Sobre o Africa Express, o ideal, a ideia e o significado:
(KL):
Começei a ter contacto com o projecto “Africa Express” a partir do NME e a partir daí seguindo com atenção as iniciativas em preparação. Qual a verdadeira razão para a criação deste movimento? Começou com as viagens por África do Damon Albarn ou foi uma simples combinação de vários factores?
(AM):
O Africa Express começou como uma reacção ao Live 8 – iniciativa do Bob Geldof. Muitas pessoas no Reino Unido e noutros locais pensaram que ao excluír qualquer música Africana do line-up deste concerto, Geldof estava a apresentar uma falsa imagem de África. A impressão causada que em África não existe nada para oferecer além da SIDA, malária, pobreza, corrupção e vida selvagem e que apenas mereçe de nós pena e caridade. Isto é FALSO! Africa pode ensinar ao Mundo muitas coisas e tem igualmente uma enorme cultura musical e excelentes intérpretes. Inicialmente era apenas um grupo de pessoas que trabalhavam com música Africana e se juntaram para com a finalidade de organizar alguns grandes concertos de alguma dimensão em que músicos Africanos e do Ocidente se juntassem e tocassem em pé de igualdade. Havia o Damon Albarn mas igualmente outros, especialmente o Ian Birrell, editor do jornal “The Independent” aqui no Reino Unido. Da equipe faziam parte um conjunto de diferentes personalidades, desde promotores, jornalistas, donos de editoras, a managers, etc. Depois de passarmos um ano a tentar reunir o dinheiro necessário para organizar e levar a cabo estes grandes concertos, o Damon sugeriu que deveríamos tentar fazer as coisas de forma diferente. Ele queria voltar mesmo às “raízes” e organizar viagens e eventos onde músicos do Ocidente e Africanos se pudessem juntar, inspirando-se mutuamente.
# 3 Ainda sobre o Africa Express:
(KL):
Quando produzes/produzem um novo evento, como é que as bandas se envolvem? É um convite tipo “boca a boca” ou tem alguma regra aplicável?
(AM):
Ora bem, basicamente são enviados convites para um grande número de artistas/bandas Africanas e do Ocidente. Usamos todas as fontes e contactos que temos para organizar a maior lista possível de candidatos a participarem no evento. Muitos querem vir e participar mas não o podem fazer devido a compromissos já assumidos. A principal regra é a de que ninguém é pago para participar. Apenas se pagam as despesas de deslocação, etc. No entanto, por vezes a alguns artistas Africanos são pagos os direitos de transmissão (broadcasting rights). É suposto ser bastante democrático. Queremos apelar ao sentido de aventura dos músicos e á sua curiosidade por descobrir novas mentalidades e sonoridades e nunca apelar à sua ganância!
# 4 O teu papel na organização:
(KL):
No início desta entrevista, disseste que eram um dos dez membros do comité desta organização. Explica-nos qua o teu papel e o funcionamento desse comité.
(AM):
O comité (não é esse o verdadeiro nome…..apenas não temos um nome para ele!) junta-se habitualmente uma vez de dois em dois meses para decidir o que fazer no futuro próximo… quais os eventos, as viagens, projectos, etc. Falamos imenso e trocamos entre nós um série de ideias e chegamos sempre a um consenso. Depois sobre alguns de nós é delegada a tarefa de levar estas ideias a cabo. Cada um de nós tem a sua a sua área dedicada. A minha é a da escrita, comunicação, internet, etc, etc.
# 5 Por último e sobre um possível evento a realizar aqui em Portugal:
(KL):
O nosso contacto começou com a questão que te levantei da possibilidade e vosso interesse em organizar um evento Africa Express aqui em Portugal. Se, num futuro próximo, esse projecto avançar (se eu encontrar interessados em avançar comigo e com “ele”), que tipo de evento podemos ter por cá?
Seria muito interessante a comunhão das nossas raízes Africanas (devido ao nosso historial comum) com o vosso conceito, não achas?
(AM):
Sim, seria muito interessante fazer algo em Portugal. Mas, necessita de uma muito especial combinação de diversos factores para ser possível.
Primeiro, necessitas de uma boa sala, com uma excelente atmosfera. Nada de muito grande….500 a 1000 pessoas é excelente. Será necessária uma licença flexível que permita aos músicos actuar até às 2 da madrugada ou mais. Tem de ter uns bastidores GRANDES (ou local muito próximo), para permitir que os músicos se apresentem e se conheçam. Se divirtam e faça algumas “jam sessions”,etc, etc.
Os custos são elevados por isso serão necessários meçenas e patrocinadores locais. É algo importante e de montagem trabalhosa. Não existem honorários fixos como já mencionei atrás.
O mais importante é criar um ambiente e uma atmosfera onde tudo possa aconceçer em termos de criatividade. Podemos apenas realizar um par de concertos por ano.